23 de janeiro de 2011

mudar.

Meu blog tem alguns rascunhos guardados que, muitas vezes, são surpresa para mim mesma. O texto abaixo começou a ser escrito em março de 2009 e, quando li, hoje, vi o quanto a vida muda, as pessoas mudam, mas na verdade muita coisa continua exatamente do mesmo jeito. A ideia começou a ser desenvolvida há dois anos, mas eu poderia muito bem ter escrito nesta madrugada, depois de uma semana cheia de coisas novas. Mantenho o que pensei naquele verão, e acrescento algumas palavras deste dia de chuva...

É incrível como a correria - ou suposta correria - do dia a dia nos faz parar de observar as coisas. E a pressão do que precisamos fazer nos deixa aprisionados dentro de um mundo que pouco se assemelha àquilo que planejávamos tempos atrás. "Como insetos em volta da lâmpada", já dizia Cazuza, ficamos girando em torno de desculpas que encobrem uma rotina que incomoda, mas não fazemos questão de mudar por simples comodismo. E se acomodar com o que incomoda acaba virando rotina. Uma rotina que maltrata, machuca, mas que não nos esforçamos em mudar por simples medo de tentar. Sim, a vida é repetição.

Mudar é uma condição básica para a minha felicidade. Resolver viajar de ultima hora, trocar de função no trabalho, mexer no layout do meu Twitter, transformar o cabelo longo e enrolado em curto e liso, pintar a unha de rosa. Nem que seja pegar uma vaga diferente no estacionamento, ou mesmo beber uma xícara de café no lugar do chocolate quente de todas as manhãs. Preciso mudar o tempo inteiro para sentir-me viva. A mudança é alimento. Mas se é assim, por que o medo?

Não é fácil abrir mão do que temos pronto, cultivado há anos, e colocar no lugar algo incerto, que pode não funcionar. No entanto, mesmo com todos os pontos negativos que uma mudança possa trazer, eu prefiro me perguntar "Por que não?". O que dá errado é possível consertar, enquanto não dá nem pra saber se o que não aconteceu seria a melhor coisa da vida até então.

Nos últimos tempos comecei a perceber o quanto tenho me permitido tentar mais, experimentar mais e, por que não?, errar mais. Continuo mudando, agora com menos medo. Os anos passam e eu sou exatamente a mesma pessoa, mas extremamente diferente. Não sou quem imaginava que seria dez anos atrás, mas ao menos consigo olhar ao meu redor e, mesmo no meio de toda a correria, perceber a beleza de um por do sol nessa cidade que tem o céu mais lindo que já pude ver. E quando paro para pensar nesses detalhes agora, que o tempo é curto até para ir ao cinema, vejo o quanto que a vida tranquila que levava até uma semana atrás é que me deixava cega e acomodada.

Um comentário :

Fotógrafo disse...

Bela reflexão. Segundo a neurociência mudar a rotina estimula o cérebro a produzir novas sinapses entre os neurônios aumentando a nossa capacidade intelectual. E eu acredito que o mesmo ocorre no social. Quando mudamos criamos uma série de novas conexões ou ao menos a possibilidade delas.