10 de março de 2011

Presente dos Filhos de Gandhy

Passei o carnaval deste ano em Recife e Salvador a convite da Ambev e fiz uma matéria que, infelizmente, acabou não sendo publicada no jornal. Mas a curiosidade é legal e vale para todos conhecerem. E às meninas que ainda pretendem passar um carnaval na Bahia: cuidado! hehe =)

O carnaval baiano é cercado de tradições que envolvem não apenas música, mas religião, cultura e diversos tipos de arte. Com o passar do tempo, o axé que tradicionalmente dá o tom das festas por circuitos como Dodô (Barra-Ondina) e Osmar (Campo Grande) ou Batatinha (Pelorinho) começou a abrir espaço para outros ritmos, como a música eletrônica, o frevo vindo do Recife ou até mesmo a música sertaneja. Este ano, desfilam em trios a dupla Jorge e Mateus e até Will.I.Am, do grupo Black Eyed Peas. Tão misturados e receptivos como a trilha sonora do carnaval brasileiro, os costumes que envolvem a história de alguns blocos também passam por transformações a cada ano de carnaval, inclusive do tradicional Filhos de Gandhy, que desfila pelas ruas soteropolitana desde 1949.

Com a filosofia inspirada nas mensagens de paz transmitidas por Mahatma Gandhi, o grupo formado exclusivamente por homens mistura a Índia com a tradição da religião africana e ganha as ruas de Salvador carregando sprays que deixam a avenida com aroma de alfazema, além de usar figurino característico: um turbante e fantasia de lencóis e toalhas brancas, para lembrar vestes indianas. Muitos artistas participam do grupo, entre eles o cantor Gilberto Gil. No último domingo (8/3), o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) assistiu ao desfile dos blocos do circuito Barra Ondina no camarote da cantora Daniela Mercury, e apareceu com um dos colares no pescoço. “Sempre o uso no carnaval, para mim é como um talismã”, disse.


O adereço que os integrantes do bloco carregam em volta do corpo dão o visual característico do bloco de Salvador: um grande mar azul e branco. As cores são referência ao afoxé que enfoca Oxalá, o orixá maior. Inicialmente usados como instrumentos presenteados para desejar paz durante o carnaval, os já conhecidos “colares dos filhos de Gandhy” passaram a ter outro significado.


Não se sabe o ano ao ao certo, mas entre os soteropolitanos mais novos que pulam o carnaval os colares azul e branco se uniram à outra diversão característica dos blocos de rua baianos: boa parte dos homens que desfilam no Filhos de Gandhy usa os acessórios para conseguir conquistar as mulheres que também brincam nas ruas. Cada colar passou a ser sinônimo de um beijo.

Há mulheres que negam de todas as formas terem ganhado os colares que carregam com um beijo de um dos Filhos de Ghandy, enquanto outras fazem coleção em volta do pesçoco. A estudante Ísis Machado, de 18 anos, cresceu vendo de perto a festa em Salvador e carregava, na noite de domingo - quando o bloco desfilou pelo circuito Campo Grande - oito adereços. “Não ganhei todos com um beijo não. Tenho alguns amigos e paqueras que participam no bloco e eles me deram”, afirma. Mas a baiana confirma como que alguns dos colares foram adquiridos. “Já é tradição aqui na Bahia a troca por um beijo”, diz.

Nem todos os homens que desfilam no bloco, entretanto, aproveitam desse costume  de Salvador para conquistas as mulheres na avenida. Ou ao menos garantem que não. O engenheiro Paulo Henrique Dias, de 25 anos, participa do grupo há quatro anos e afirma que já trocou muitos colares por beijo em carnavais passados. “Chegava beijar mais de 20 meninas por dia”, lembra. Este ano, ele parou de seguir a tradição porque começou a namorar.
“Agora sou comprometido, beijos só com ela.

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