21 de junho de 2013

Acabou aqui?

Retomando meu blog, depois de três anos, para um desabafo:
O Congresso em paz, antes das bombas

Ontem eu vi pessoas confusas. Vi gente que não sabia muito bem porque estava na rua. Vi alguns que achavam que tudo aquilo era mais uma balada do que qualquer outra coisa. Mas vi esperança em muitos olhos de jovens, de crianças, de idosos, de famílias, de grupos de oração, de gente que acha que pode fazer algo para melhorar.

Vi bombas lançadas pro alto. Senti o gosto do gás, e a pimenta ardeu por bastante tempo.

Vi uma multidão que, dispersada pela grande quantidade de bombas lançadas num certo momento, se dirigiu ao Eixão. E cantou o Hino Nacional. E disse que é brasileiro, com muito orgulho e com muito amor.

Cheguei em casa e vi que ali no Itamaraty, tão perto e tão longe de mim, havia uma verdadeira guerra. E essa infelizmente é a imagem que fica. Não culpo a imprensa por isso. As imagens são fortes mesmo, é o que mais assusta.

Agora, eu me pergunto: Acabou aqui? É a hora de desistir?

De jeito nenhum.

Você já viu um jogo de futebol acabar com pancadaria e confusão? Já viu um acidente ou algum acontecimento em que as pessoas aproveitam para saquear uma loja, um caminhão? Provavelmente sim. Isso acontece em qualquer lugar. Não cabe fugir de um movimento, deixar de lutar por algo que você acredita, fingir que não foi com você, porque "a coisa ficou feia".

A imagem ficou manchada? Sim. Não há dúvidas. Mas eu gostaria de, aqui, voltar a enfatizar que a maioria das pessoas ali estava em paz. E uma multidão de 35 mil pessoas em Brasília, milhões em todo o Brasil, queria falar "olha, eu não aguento mais. O que vocês estão fazendo não é certo". Caso todo mundo ali quisesse violência, meus amigos, eu não estaria aqui falando com vocês. E todas essas manifestações teriam muito mais do que uma morte. Morte que, vale falar: foi registrada em Ribeirão Preto, de um atropelamento provocado por um motorista que não estava no protesto e preferiu não respeitar as pessoas que fechavam aquela rua para protestar por direitos que também são dele.

Reitero, aqui: o #VemPraRua não é sobre violência. É sobre cidadania. Há muitos problemas no movimento em si, é verdade. E há muitas desconfianças em torno do real significado de tudo isso. Mas eu não vou abrir mão do que eu acredito por causa dos problemas no caminho. E recomendo que vocês façam o mesmo - independente se a opinião de vocês é a mesma que a minha ou não.

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