8 de dezembro de 2008

O bruxo e Capitu

Machado de Assis não é daqueles autores que a gente lê e, depois, apenas diz se o livro é bom ou ruim. A obra machadiana é inteligente, intrigante, polêmica. Isso porque desperta sentimentos, desconfianças, reflexões e, em alguns casos, impede-nos de chegar a uma conclusão - ou nos sugere várias possibilidades. A filosofia por trás de Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, o mistério que se esconde em Dom Casmurro, ou toda a sutileza de seus contos, por exemplo, são apenas alguns dos fatores que transformaram o autor em um dos maiores escritores da história da Literatura Brasileira.

Com maneira peculiar de escrita, Machado de Assis continua atual. Quase um século após a perda do escritor realista, ainda não cessaram os milhares de estudos sobre a obra, filosofia e personagens. No ano de 2008, centenário da morte de Machado, várias obras estão sendo lançadas em homenagem ao escritor.

Uma das obras que resgatam e discutem o autor é Quem é Capitu?. O livro, organizado por Alberto Schprejer, reúne 15 importantes escritores brasileiros que, em contos, crônicas e ensaios, tentam decifrar – ou apenas mostrar suas impressões – o personagem mais polêmico de todos os criados por Machado. Entre os nomes que participam da coletânea estão Luis Fernando Verissimo, Millôr Fernandes, Lygia Fagundes Telles, o antropólogo Roberto Damatta e Luiz Fernando Carvalho - diretor da minissérie Capitu.

A idéia principal do livro não é se dedicar às especulações sobre a dúvida gerada em Dom Casmurro no século XIX, quando foi lançado, e permanece até hoje: se a moça traiu ou não o marido, Bentinho, com o melhor amigo Escobar. Capitu é “destrinchada” ao longo dos textos, dos olhos de ressaca intrigantes à personalidade misteriosa, sendo estudada a fundo e elevada, inclusive, ao posto de “representação da mulher brasileira”. É um título que vale a pena ler e ter na estante, principalmente para os que gostam de observar o comportamento humano e, claro, apreciar a obra do bruxo do Cosme Velho - como essa blogueira que vos escreve. Fica aqui a dica. =)


Escrevi esse texto em agosto, pro Correiobraziliense.com.br. Aproveitando a estréia da minissérie Capitu, fiz uma pequena adaptação e posto-o novamente, porque Machado de Assis sempre vale a pena. Para ver o texto original, clique
aqui.

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