24 de abril de 2011

insônia

23h52. O sono, que há algumas semanas se transformou em companhia constante, é praticamente insuportável. Vem acompanhado de um sentimento que ela não consegue descrever. Vinha, nesse mesmo período, tentando desvendar o que se passava por aquela cabeça. Desânimo. Não conseguia pensar em dormir para, dali a sete horas, levantar da cama e recomeçar a rotina massante.

0h14. Ainda acordada, ela se pergunta porque está cansada. Do quê está cansada? Tudo provoca ânsia. Sente vontade de levantar, pegar o telefone e ligar para alguém. Quer apenas desabafar. Mas não entederiam. Rotina. Ah, a rotina. Antes tão agradável, estimulante, se transformara em um calvário.

0h46. Já perdeu as contas de quantas vezes revirou na cama tentando agarrar o sono, ao mesmo tempo tão perto e tão inatingível. Os olhos ardem, o corpo dói. O coração dói. Ela precisa de ajuda. Não sabe quem procurar.

1h03. Em uma última tentativa, pega no sono. O corpo se desliga da realidade e mergulha no mais profundo descanso. Por pouco tempo. No sonho, vêm todas as angústias pelas quais ela passa durante o dia. Angústia. Palavra que ela jamais havia sentido com tanta intensidade.

3h56. Dor. A cabeça lateja como uma caixa de som do mais potente show de rock. Desperta em meio a mais uma crise. Enxaqueca. Não consegue discernir o que está acontecendo. Lágrimas saem involuntariamente de seus olhos e, enquanto escorrem pelo rosto, ela volta a si. Vai até a cozinha, bebe mais um copo de água acompanhado de um comprimido. Sabe que ele não será suficiente. Meia hora mais tarde, estará ali novamente, bebendo mais um copo de água, ingerindo mais um comprimido.

5h30. A dor não passara e ela, ainda com os olhos ardendo, não se desligou por um só instante. Olha fixamente para o teto, no escuro de seu quarto que começa a ser iluminado pela luz do dia, que já desponta do lado de fora. Pela cabeça passam apenas pensamentos vazios. Ela se pergunta no que sua vida se transformou. Imagina até quando durará o martírio. Procura uma saída. Não encontra.

6h19. Finalmente dorme. E dessa vez não tem sonhos. Não ouve os sons pela casa, onde as pessoas começam a se movimentar para começar mais um dia. Seu raro momento de descanço está ali, em pouco mais de uma hora de sono.

8h12. Sua mente começa, mais uma vez, a costurar uma história nada agradável e muito parecida com aquela que ela vinha vivendo nos últimos dias. A cabeça ainda dói e a faz acordar, ao mesmo tempo em que o interfone toca. Ela levanta de um salto, olha o relógio e percebe que já está atrasada. Precisa se apressar. Pressa. Com a cabeça embaixo da água fria, na esperança de aliviar a enxaqueca, sente que não tem forças para continuar. Mesmo assim, tenta seguir em frente, mais uma vez. Sai de casa e percebe que não era um pesadelo.

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